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Entenda o comportamento de sucesso de Steve Jobs ou melhor ser pirata do que marinheiro

Steve Jobs costumava usar uma frase de Pablo Picasso que dizia “bons artistas copiam, grandes artistas roubam. ” Neste artigo vamos roubar um pouco da liderança, inventividade e capacidade de inovação deste empresário que revolucionou a indústria nos últimos 40 anos.


Modelando a liderança, ritmo, comunicação e inovação de Steve Jobs.

 

Modelamos quatro pontos chaves da personalidade e comportamento que foram mais significativas para a revolução que ele causou nos últimos 30 anos:

Para esta análise usamos três ferramentas básicas:

A análise de uma figura pública se baseia nas informações disponíveis na imprensa que neste caso foram amplamente divulgadas. Ressaltamos que a contribuição mais significativa para este estudo veio da biografia “Steve Jobs” de Walter Isaacson da Editora Companhia das Letras (2011).

 

Liderança

Steve Jobs era conhecido pela sua franqueza e algumas vezes pela brutalidade com que tratava suas equipes de trabalho. Isto era fruto da obsessão controladora que possuía. No Eneagrama podemos identificá-lo como um Tipo Oito, ou seja, as pessoas que adotaram o Tipo Oito são centradas na ação, têm uma facilidade em mandar e liderar, dando prioridade à realização. Para o Tipo Oito tudo ao seu redor deve ser intenso e desafiador.

Quando estes comportamentos ultrapassam o limite saudável passam a ter uma configuração patológica, que foi o caso se Jobs, que se tornou conhecido por ser um verdadeiro rolo compressor desconsiderando o que os outros a seu redor sentiam ou pensavam.

Esta característica de personalidade comprometeu em muitos casos as suas principais realizações, porém foi compensada por outra característica saudável do Tipo Oito que é a autoconfiança que tornam este tipo de pessoas fonte de estímulo, inspiração, crescimento e superação.

É justamente este lado positivo do Tipo Oito que traz inspiração e superação para as equipes que devemos estudar para modelarmos e tentar replicar este comportamento tão rico, porém escasso nos líderes de hoje.

Gregory Berns afirma “uma pessoa pode ter a melhor ideia do mundo – totalmente original e inovadora – mas, se ela não for capaz de convencer as outras pessoas, a ideia não terá nenhuma importância”.

Steve Jobs era a pessoa que tinha habilidade para convencer todos ao seu redor e o ponto chave para ele despertar a inspiração e crescimento das equipes e clientes vinha da autoconfiança que ele personificava.

E de onde vem à autoconfiança, ponto chave para Jobs liderar equipes? A autoconfiança vem do autoconhecimento, de reconhecer suas fraquezas e fortalezas de forma clara e principalmente ter um comportamento que reflita este autoconhecimento. Na biografia Steve Jobs, Walter Isaacson escreve um parágrafo especial sobre isso.

O interesse de Jobs pela espiritualidade oriental, o hinduísmo, o zen-budismo e a busca pela iluminação não era apenas uma fase passageira de um garoto de dezenove anos. Ao longo da sua vida, ele tentaria seguir muitos dos preceitos básicos das religiões orientais, como ênfase na prajña experiencial – sabedoria e entendimento cognitivo que é intuitivamente experimentado mediante a concentração da mente. Anos mais tarde, sentado em seu jardim em Palo Alto, ele refletiu sobre a influência duradoura da viagem à Índia: A intuição é uma coisa muito poderosa, mais potente do que o intelecto. Afirmava Jobs. ”

Para Jobs o papel do líder era servir de estímulo e inspiração não só para suas equipes, mas para seus clientes. Esta visão inspiradora vem de uma autoconfiança inabalável construída a partir de uma busca constante pelo autoconhecimento.

Portanto três pontos de reflexão para os que buscam desenvolverem suas competências de liderança com base em Steve Jobs:

 

Ritmo de trabalho e habilidade de comunicação

Um ponto que chama atenção na biografia de Steve Jobs era como ele gerenciava seu tempo e ritmo de trabalho. Independente da questão de ele ser um workaholic, sua personalidade permitia que tivesse este comportamento de uma forma natural e sem esforços. Segundo a ferramenta Predictive Index® – PI há quatro dimensões que representam os principais traços de personalidade – dominância, extroversão, paciência e formalidade.

Steve Jobs revelava um alto grau de dominância que é o fator que mede o impulso que tem um indivíduo para exercer sua influência sobre as pessoas e acontecimentos. Era tão elevada a dominância que muitas vezes durante reuniões colegas se vigiavam e controlavam um ao outro para não cair no que chamavam “campo de distorção da realidade” que era a área onde Steve Jobs levava as pessoas para que elas apoiassem seus planos e projetos.

Na dimensão paciência está claro que ele tinha um perfil extremamente impaciente, ao ponto de não deixar ninguém fazer apresentações de projetos, pois interrompia de forma intempestiva buscando o objetivo ou soluções das questões apresentadas.

A quarta dimensão diz respeito à formalidade. Ressalta-se a questão da preocupação com detalhes e qualidade no trabalho. Inúmeras vezes Walter Isaacson cita na Biografia de Jobs a busca quase doentia pelo design de componentes dos equipamentos que não ficavam a mostra. A preocupação com detalhes na personalidade de Steve Jobs era extrema chegando ao ponto que nas preparações para lançamentos de produtos membros da sua equipe sentassem em todas as cadeiras do auditório para checar a melhor visualização das imagens e do posicionamento do apresentador.

Estes fatores acabaram por criar um perfil que tinha comportamentos muito eficientes tanto em ritmo de trabalho quanto nas suas habilidades de comunicação.

Vejamos como podemos modelar estas duas características:

Ritmo de trabalho

O ritmo intenso e eficiente de trabalho vem basicamente de um nível baixo de paciência aliado a uma preocupação com os detalhes e formalização de processos e projetos. É claro que aliar alta impaciência com alta preocupação com detalhes pode tornar uma pessoa extremamente estressada, porém aliar de forma consciente e controlada impaciência com detalhes torna e entrega mais rica e profissional.

Habilidade para comunicação

A habilidade de comunicação pode ser natural e desta forma temos um profissional privilegiado. Entretanto, quando isto não acontece e Steve Jobs demonstrou que o fato de não termos naturalmente esta habilidade podemos desenvolvê-la aliando o próprio perfil, no caso tecnicamente orientado. Ensaiar, treinar, testar, enfim esta rotina pode transformar pessoas com poucas habilidades de comunicação em especialistas.

Capacidade de inovação

A análise transacional considera três os órgãos psíquicos pelo quais se manifestam os três estados de Ego. Estes estados são Pai, Adulto e Criança e possuem a seguinte relação:

A característica marcante no perfil de Steve Jobs – busca pela constante inovação – revela alguns aspectos interessantes na formação do seu Ego. A primeira coisa que se destaca é o lado Criança Livre que permitia a Jobs desenvolver e criar uma série de produtos e serviços totalmente inimagináveis para a maioria dos executivos das indústrias onde atuava. Segundo seu biógrafo Walter Isaacson, Jobs frequentemente repudiava aqueles colegas de empresa que gostariam de fazer pesquisas de mercado para identificar os que os clientes gostariam de ter. Segundo ele “As pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas”. Esta liberdade para pensar que leva a construção de um mecanismo criativo capaz de movimentar empresas e clientes e alicerça a base da inovação.

Como aprendizado para líderes que buscam a constante inovação como base para um diferencial competitivo, é fundamental desenvolverem seu lado Criança Livre para dar vazão a criatividade e imaginação.

Aliado ao estado de ego Criança Livre, Steve Jobs tinha uma característica fundamental que permitia alçar maiores voos nas organizações onde atuava. Seu lado Adulto, aquele lado que diz o que convém e o que não convém fazer era também um forte aliado nas suas decisões. O componente que reflete esta característica com mais frequência nas suas empresas foi à busca constante por aliados e profissionais extremamente competentes que pudessem alavancar suas empresas na direção da sua visão.

Quando a visão é extremamente forte ela por si só convence qualquer um. Walter Isaacson narra na Biografia de Jobs que tão logo eles desenvolveram o primeiro protótipo do Apple 1 precisavam buscar investidores. Convidaram Mike Markkula, um ex-executivo que havia trabalhado na Fairchild e na Intel e tornara-se milionário com o ganho em opções. Markkula chegou num Corvertte conversível dourado na garagem de Jobs, onde ele e Wozniak, sócio de Jobs na Apple, trabalhavam. Não se assustou pelos cabelos compridos e aspecto desleixado dos dois, mas foi contaminado pela visão de Jobs. Markkula se tornou avalista para um aporte de USD 250 mil dólares.

Jobs durante toda a sua vida empresarial colocou seu lado adulto ao lado do seu lado criativo. Desde o início da Apple buscou os melhores profissionais para darem assessoria. Ainda trabalhando na garagem contrataram Regis McKenna, que na época era o principal publicitário do Vale do Silício. Para lançamento do Mac em 1983, Jobs não teve dúvidas em contratar Ridley Scott para dirigir o filme, logo após o sucesso de Scott com Blade Runner.

Uma frase de Jobs resumo este lado adulto e profissional “Concentre-se naquilo que você é bom, delegue todo o resto”.

Aprendizado

Entender comportamentos que levaram Steve Jobs a revolucionar várias indústrias nos últimos 40 anos é um diferencial competitivo para os líderes atuais. Não há julgamentos ou análise parcimoniosa na modelagem, apenas a busca pelo entendimento das características de personalidade e comportamento que podem ser modeladas e reproduzidas para levar ao provável caminho do sucesso.

Fica claro que um líder que busca um constante autoconhecimento, com um ritmo de trabalho que equilibra a impaciência com a perfeição de detalhes aliado a um lado extremamente criativo e profissional acabam criando um caminho para um modelo de liderança e inovação que as empresas devem buscar para manter um crescimento sustentável.

As lideranças são diferentes e é muito importante que tenham sua marca registrada, entretanto aprender novos caminhos com aqueles que já trilharam anteriormente com sucesso, como no caso de Steve Jobs, passa a ser vivenciar a sabedoria de um modo prático e efetivo, ou como dizia Steve Jobs, “melhor ser pirata que rouba grandes ideias e faz uma revolução do que marinheiro que copia práticas sem conseguir mudar o mundo”.

 

Fontes deste artigo

Livros

 

Manuais


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